Episode 234: Talking about Products You Buy

Intermediate Portuguese With Portuguese With Eli - Un pódcast de Eliaquim Sousa - Jueves

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For the assessment, please follow this link: https://portuguesewitheli.com/assessment Tem gente que nutre um saudosismo exagerado pelo passado... e eu sou uma dessas pessoas. Sabe, antigamente eu adorava fazer compras pelo telefone. Tinha um canal na televisão que passava televendas de madrugada. E como eu passava noites e noites e sem pregar o olho, acabava assistindo aquela maravilha. Via tantas bugigangas que prometiam mundos e fundos e ficava encantado. Eu precisava daquilo tudo. Lembro que uma vez comprei um espremedor de frutas elétrico. Chegou numa caixa enorme. Era um trambolho deste tamanho que prometia fazer um suco em menos de dez segundos. E, de fato, em menos de dez segundos tinha suco pela casa toda. Ele espirrava suco para todo lado e fazia uma barulheira infernal. Tremia como se estivesse possesso e, apesar de não parecer quebradiço, se desfez todo na primeira vez que se espatifou no chão. Depois foi a vez de um aspirador de pó. Quando desliguei o telefone, fiquei tão orgulhoso – era o primeiro vizinho que abandonava aquelas vassouras antiquadas por um aspirador. Na primeira vez que fui aspirar, não consegui controlar bem a mangueira e acabei batendo no vaso da sala. O vaso caiu no chão e se estilhaçou todo. Eu fiquei desesperado – o vaso tinha sido da minha avó – e, no embalo, acabei pisando num caco, furando meu pé, caindo no chão e me estropiando todo. Depois do primeiro uso, porém, o aspirador funcionou que foi uma beleza e só queimou porque houve um curto-circuito. Mas era top de linha. Pena que nunca encontrei outro no mercado... Hoje em dia, porém, não tem mais graça. Antigamente eu sentia a emoção de tirar o telefone do gancho, ouvir o sinal de chamada, discar o número, esperar o atendente do outro lado e ficar “oi, alô, tá me ouvindo? Pode repetir, por gentileza?” e, dias depois, às vezes semanas, receber o produto em casa. Tudo bem que eu acumulei muita tralha assim, tudo caía aos pedaços depois do primeiro mês de uso, mas era divertido. Podiam ser produtos vagabundos, mas tinham personalidade. Hoje, então? Liga-se o computador, insere-se os dados do cartão e clica-se em “confirmar”. Pronto. No outro dia, o produto chega na sua casa. Se ele tiver com algum defeito, a empresa não demora nem um dia para ressarcir o dinheiro. A publicidade hoje não é mais enganosa como antigamente.